“Theatro Nacional”

dc.contributor.authorCurto, Amílcar Ramada
dc.date.accessioned2024-04-19T10:04:01Z
dc.date.available2024-04-19T10:04:01Z
dc.date.issued1925-08
dc.description.abstractNum artigo que reflecte sobre o estado do teatro, considerado em crise pela ascensão do cinema, o autor refere-se aos dramaturgos nacionais como os “Shakespeare’s portugueses”, numa clara alusão ao dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616).
dc.description.authorDate1886-1961
dc.description.printing_nameAlberto R. Bastos
dc.identifier.urihttps://cetapsrepository.letras.up.pt/id/cetaps/114443
dc.language.isopor
dc.publisher.cityPorto
dc.relation.ispartofRevista Mensal
dc.relation.ispartofvolume1
dc.researcherMarques, Gonçalo
dc.rightsmetadata only access
dc.source.placeBN P.P. 10066//13 V.
dc.subjectPublicidade
dc.textTHEATRO NACIONAL A minha opinião sôbre o estado actual do theatro portuguez, diz-se duas palavras. O theatro, por toda a parte, está em crise. O cinema vence-o. A sensibilidade comtemporânea só suporta uma esthésia, meramente sensorial, que lhe entre pelos olhos e pelos ouvidos, sem obrigar os nervos a vibrar ou o cérebro a pensar. Triunfam portanto as feéries, as fitas policiais, e o jazz-band. Como isto é muito assim na Europa e na América - é tambem assim cá no extremo ocidental da Ibéria. Não havendo possibilidade portanto d'exploração industrial remuneradora, a producção literaria sofre a lógica conseqùência do facto. Escrever peças para as meter na gaveta ou para as ver subir á scena meia duzia de vezes, não atrai ninguem. D'ahi os possiveis Shakespear's portuguezes, terem de se resignar a lêr, as suas maravilhas ao chá, á familia. Os emprezarios, quer não sejam, quer sejam actores, - e neste último caso são os peóres - realisam o tipo perfeito dos sujeitos que apenas pretendem ganhar dinheiro servindo-se da palavra Arte, com A grande, como meros motivos de reclame. E não se lhes póde, razoavelmente, querer mai, por isso. Tôdavia, escaparam... Esta a base material do problema e, como tudo sofre a tirania do factor económico, a producção dramática portugueza actual, não é uma corrente literária definida, e apenas uma sucessão de casos isolados, de pessoas que tem forçosamente que escrever peças e que as escrevem - ás vezes boas, outras apênas sofriveis e as mais d'ellas más. De resto, o theatro, não está no feitio da raça. É já banal dizer-se, mas é verdade; a raça é lyrica e é na poesia, sob todas as fórmas, que ella se póde orgulhar de possuír uma das mais ricas literaturas do mundo. O mais banal dos poetastros portuguezes, tem sempre um verso, uma imagem, uma quadra, que não é, sequer igualada, pelos melhores nomes dos poetas das outras literaturas. Em resumo: no theatro temos hoje alguns nomes que a crítica dos amigos atira para a glória, mas cujas producções duram o que duram as rosas, e aqui e ali a afirmação de grandes qualidades literárias - que tôdavia, não chegam para uma literatura. Marcelino e João da Camara, não tiveram ainda quem os substituísse. RAMADA CURTO
dc.title“Theatro Nacional”
dc.typeartigo de imprensa

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