"Um artigo do «Times» a proposito do fallecimento do Senhor Dom Miguel II: Como o grande jornal londrino aprecia a questão da legitimidade e a representação masculina da Casa de Bragança"
cetaps.description.printingName | Francisco Ferreira Rodrigues | |
cetaps.publisher.city | Lisboa | |
cetaps.researcher | Marques, Gonçalo | |
cetaps.source.place | Biblioteca Nacional de Portugal | |
cetaps.text | Um artigo do «Times» a proposito do fallecimento do Senhor Dom Miguel II Como o grande jornal londrino aprecia a questão da legitimidade e a representação masculina da Casa de Bragança Por terem excepcional importancia, no momento que decorre, damos especial destaque aos seguintes periodos d'um artigo do «Times», que como todos sabem, é um jornal que marca na alta politica da Europa. «D. Miguel, Duque de Bragança, cujo fallecimento no Castello de Seebenstein, perto de Vienna, com a edade de 74 annos, é annunciado na outra pagina, era o Pretendente Legitimista ao Throno de Portugal. Os seus direitos podem resumir-se como se segue: El-rei D. João VI de Portugal teve dois filhos, D. Pedro e D. Miguel. O mais velho, D. Pedro, durante a vida de seu Pae proclamou-se Imperador do Brasil. Por ter assim alienado a grande colonia e por ter feito a guerra contra a sua patria, as Côrtes de Portugal, depois da morte D, João em 1826, emquanto o seu filho mais novo - D. Miguei - se encontrava em Vienna, declararam solemnemente, depois de ponderarem dois annos, que, de accordo com as disposições fundamentaes de Constituição, D. Pedro tinha perdido definitivamente, para si e para seus herdeiros, todos os direitos ao throno de Portugal. Por isso, em Junho de 1828, depois de dois annos de Regencia de sua irmã - a Infanta Izabel Maria - D. Miguel, pae do ultimo Duque de Bragança, foi proclamado Rei aos 26 annos. Reinou até 26 de Maio de 1834, data em que foi derrotado por seu irmão, o Imperador do Brasil, que foi auxiliado pelo Rei Luiz Filippe e pelos "Cristinos" de Hespanha. D. Miguel, talvez imprdentemente, foi para o exilio, e D. Pedro deu o throno a sua filha D. Maria da Gloria. Esta Rainha que casou com o Principe Fernando de Saxe Coburgo Kohary, foi avó do ultimo D. Carlos - um Saxe Coburgo - emquanto que o Duque representava a linha masculina da Casa de Bragança, que reinou em Portugal desde que em 1640 se libertou dos Habsburgos, Reis de Hespanha, O Duque de Bragança nasceu em Kleinheubach a 19 de Setembro de 1853 e herdou a figura attrahente de sua familia. Era esbelto, trigueiro, bella face oval, olhos luminosos e grandes. Como seu pae era um ardente "Sportsman" e amigo de viajar. Era um apaixonado do "steeple chase" e tinha, ao mesmo tempo, cavallos de corridas. Consumado cavalleiro, deliciava-se em seguir os cães de caça. Passou algumas vezes o inverno, com a Duqueza, na Irlanda, e caçou, sempre incognito (era conhecido por Conde de Neiva), com cães de Meath e Kildare. Era membro da "Word Union Stag Hunt". Depois da entrada de sua mãe para o Convento de Santa Cecilia, em Ryde, onde morreu em 1909, o Duque, que a visitava regularmente, caçou tambem com cães da Ilha de Wight. Em Seebenstein, na sua encantadora casa de campo, perto de Vienna, ha numerosos trophéos abatidos pela sua espingarda: um urso das Montanhas Rochosas, um leão de Africa, pelles de tigre e de lobo, presas e magnificas hastes de veados, corças etc. O Duque foi durante alguns annos coronel de hussards do exercito austriaco, e quando de licença visitava muitas vezes a India, e ahi tomava parte em partidas do «polo» de militares: era membro honrario de mais d'uma "mess" e tomou parte em batidas aos javalís, como convidado de Rajahs. Tambem conheceu alguns dos Dominios, onde deixou muitos amigos, e teve como hospedes, em Seebenstein, alguns australianos. Pelas suas constantes relações com pessoas de varias nacionalidades e de todas as classes, conheceu politicos europeus e governantes como o Imperador Guilherme e o fallecido Imperador Francisco José, seu parente, de quem era íntimo. O Duque era modesto, mas mostrava uma grande dignidade, temperada por um fundo de verdadeiro bom humor. Fallava e escrevia muitas linguas com facilidade e interessava-se muito pela economia, principalmente pelo bimetalismo. Em 1877 casou com Izabel, Princeza de Thurn e Taxis, sobrinha da ultima Imperatriz da Áustria, que morreu 1881, com 21 annos apenas, deixando um filho e uma filha. Doze annos depois casou com sua prima, a Princeza Maria Thereza de Lowenstein-Werteim-Rosenberg e d'este casamento teve um filho e seis filhas. Quando o seu rival D. Carlos, o Rei reinante em Portugal, foi assassinado com seu filho mais velho em 1908, D.Miguel declarou que estava prompto a abster-se das suas pretensões á Corôa, para fortalecer a posição do joven successor d'aquelle Rel, D. Manuel. Mas o esforço collectivo de todos os realistas em Portugal não poude impedir a revolução de 1910». (*) (*) N'este ponto labora o “Times” n'um erro. Não houve esforço collectivo da parte dos realistas para impedir a proclamação da republica, e não o houve pela simples razão de não estarem unidos os monarchicos, visto que o generoso intento do Senhor Dom Miguel II foi julgado inopportuno pelo governo que em 1909 estava á frente dos negocios do paiz, o que contribuin para facilitar o advento do actual regimen. [imagem]-O Senhor Dom Miguel II e sua Augusta Esposa, a Senhora Dona Maria Thereza de Loewenstein | |
dc.contributor.author | Anónimo | |
dc.date.accessioned | 2024-12-01T13:33:55Z | |
dc.date.available | 2024-12-01T13:33:55Z | |
dc.date.issued | 1928-01-28 | |
dc.description.abstract | Transcrição e tradução de um artigo atribuído ao jornal londrino The Times, que se debruça sobre a figura de D. Miguel II (1853-1927) aquando do seu falecimento. A par de uma detalhada nota biográfica que aponta uma forte ligação à Irlanda, a peça emprega os anglicismos “sportsman” e "steeple chase". | |
dc.format.extent | 97 | |
dc.identifier.citation | Anónimo. “Um artigo do «Times» a proposito do fallecimento do Senhor Dom Miguel II: Como o grande jornal londrino aprecia a questão da legitimidade e a representação masculina da Casa de Bragança.” A Tradição, 28 de Janeiro de 1928, p. 97 | |
dc.identifier.uri | https://cetapsrepository.letras.up.pt/id/cetaps/130529 | |
dc.language.iso | pt | |
dc.publisher | Tipografia INGLEZA, LIMITADA | |
dc.relation.ispartof | A Tradição | |
dc.relation.ispartofvolume | 12 | |
dc.rights | http://purl.org/coar/access_right/c_14cb | |
dc.subject | Tradução | |
dc.subject | Anglicismos | |
dc.title | "Um artigo do «Times» a proposito do fallecimento do Senhor Dom Miguel II: Como o grande jornal londrino aprecia a questão da legitimidade e a representação masculina da Casa de Bragança" | |
dc.type | Article |
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- TRADIÇÃO (A) VOL12 - UM ARTIGO DO «TIMES» A PROPOSITO DO FALLECIMENTO DO SENHOR DOM MIGUEL II. - s.n. p.97.jpg
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