"Cinema"

dc.contributor.authorMonteiro, Adolfo Casais
dc.date.accessioned2024-04-19T10:03:50Z
dc.date.available2024-04-19T10:03:50Z
dc.date.issued1930-05-15
dc.description.abstractNuma crítica aos intelectuais portugueses que parecem descurar o cinema, o autor cita alguns nomes sonantes do panorama cinematográfico, de entre os quais Charlie Chaplin (1889-1977).
dc.description.authorDate1908-1972
dc.format.extent10
dc.identifier.urihttps://cetapsrepository.letras.up.pt/id/cetaps/114380
dc.language.isopor
dc.publisherA Renascença Portuguesa
dc.publisher.cityPorto
dc.relation.ispartofPrincípio
dc.relation.ispartofvolume1
dc.researcherMarques, Gonçalo
dc.rightsmetadata only access
dc.source.placeBN P.P. 3800 A.
dc.subjectCinema
dc.textCinema O público em Portugal está habituado a ver no cinema um simples divertimento; os próprios intelectuais estão, na sua maioria, numa fase há muito ultrapassada em qualquer país, pois ainda o consideram coisa inferior, indigna da sua atenção. Pelo que diz respeito ao público, a incompreensão é suficientemente explicada pela ausência de verdadeira crítica, e pelo enfeudamento de todas as salas a empresas unicamente comerciais, que apenas pensam em explorar o mau gosto do público, avivando-o, dando-lhe o que êle pede. Pelo que diz respeito aos intelectuais, a culpa é principalmente dêles próprios, que duma vez para sempre tomaram uma atitude. Ignoram que no cinema se tem manifestado o espírito da nossa época em obras de grande valor. Chaplin. Sjostrom, Eisenstein, Sterneberg, René Clair, Stroheim, Buñuel, Pudovkin ou Epstein, para não citar senão alguns dos mais significativos, como podem ser estudados se não em paralelo com os romancistas, com os poetas, com os pintores, com toda a arte, em suma, do nosso tempo? Se os nossos intelectuais ignoram o cinema. são indignos de se chamar intelectuais: ou o espírito para êles está dividido em células, estanques umas às outras? São êles os principais culpados de que o cinema não receba entre nós o interesse que deveria, e que é bem diferente daquele que provoca e cultiva a publicidade estilo yankee: divinização da vedeta, escon- dendo a obra, valorização do acidental, da anedocta, da beleza da estrela e do mais que se sabe. Em qualquer país civilizado, nenhuma revista ignora o cinema; revistas de alta cultura como a espanhola Revista del Occidente publica sobre êles notas que assinam escritores de valor; uma Nouvelle Revue Française, uma Europe consagram-lhe rúbricas que igualam em importância as consagradas a qualquer outra forma de arte. Dos intelectuais deve partir o esforço de renovação: criar Cine-Clubs, empreendimentos particulares que, sem preocupações comerciais, exibam programas seleccionados, escolhendo o bom de entre o que passa nas outras salas, fazendo ver aqueles filmes que as empresas ignoram e esquecem, por não serem susceptiveis de lucro. Precisariamos de salas de vanguarda em que, por palestras precedendo cada filme, se ensinasse o público a ver, e lhe fosse revelado o verdadeiro significado do verdadeiro cinema. Seriam, em suma, necessárias audácia e actividade. Aqueles filmes que, como os inesqueciveis Aldeia do Pecado ou A Mãe, exprimem uma realidade fremente, longe da luz dos estúdios, em que há vida palpitante, conflito e drama verdadeiros, naturesa natural, em que ha almas e homens, e não literatice e bonecos, muito fazem para que os homens tomem contacto com o Homem, para torná-los mais conscientes, para que descubram a sua existência como indivíduos, tanta e tanta vez esmagada e contorcida pelo dia-a- -dia envenenador. É para essa valorização que aqui procuraremos contribuir. Não esquecendo que o cinema é arte. E que a arte exprime a intimidade do homem, com as suas incertesas, com as suas quedas e as suas vitórias. A. C. M.
dc.title"Cinema"
dc.typeartigo de imprensa

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