“Crítica Literária.”
dc.contributor.author | Oliveira, Luís Guedes de | |
dc.date.accessioned | 2024-04-19T10:04:01Z | |
dc.date.available | 2024-04-19T10:04:01Z | |
dc.date.issued | 1924-05 | |
dc.description.abstract | Numa apreciação à obra O Pobre Tolo (1924), de Teixeira de Pascoaes (1877-1952), o autor faz uso do anglicismo clown quando reflecte sobre a multiplicidade de reacções provocadas pela recensão do livro. | |
dc.description.printing_name | Álvaro Júlio da Costa Pimpão | |
dc.format.extent | 16 | |
dc.identifier.uri | https://cetapsrepository.letras.up.pt/id/cetaps/114455 | |
dc.language.iso | por | |
dc.publisher | Gráfica Conimbricense | |
dc.publisher.city | Coimbra | |
dc.relation.ispartof | Via Latina (A) | |
dc.relation.ispartofvolume | 1 | |
dc.researcher | Marques, Gonçalo | |
dc.rights | metadata only access | |
dc.source.place | BN J. 2768//9 B | |
dc.subject | Literatura | |
dc.subject | Crítica Literária | |
dc.text | [Crítica Literária] "O pobre tolo" por Teixeira de Pascoaes O último livro de Teixeira de Pascoais apareceu aos nossos olhos quasi como se fôra aquele fogo que em remota idade o titan roubara aos Céus. É uma rajada de ironia transcendente que aos olhos do poeta redime a vida e o mundo. Há figuras que são chamas, outras lágrimas torcidas de desespero, outras gritos de eternidade, outras só dôr, outras ainda um riso estranho de um clown misterioso que tivesse feito uma pirueta por sobre o trono dos Deuses. «O Pobre Tolo» - é o poeta, um gerico que se espolinha na relva a relinchar quando chega a Primavera, enquanto os homens assistem à chegada das andorinhas, indiferentes e autómatos. E aqui se vê a ironia do livro, ironia que queima, que nos morde e nos gasta. Toda a noite o gerico triste fica na Ponte, sobre o Tâmega que é a saudade do poeta a correr para a eternidade, a olhar a lua, a evocar sombras. Toda a noite fica de olhos pasmos, na indecisão - o pobre tolo no meio da ponte. E passa então uma romaria ignorada de almas, de figuras quasi roubadas à creação de Deus. Há figuras que passam vagas e disformes, que tem ainda impressas dedadas divinas. Sabem a Céu e a Eternidade. «O Pobre Tolo» reconhece-as e fica numa loucura de alegria relinchando ao mistério da lua e do Tâmega, horas mortas, entre o nevoeiro estranho. Ao acabar de ler, lembramo-nos de que Pascoais mergulhara as mãos na bruma genésica dum mundo ignorado, no mundo que turbilhonava no seu cérebro de poeta, e sai com elas a escorrer sonho. No « Bailado» as figuras apareciam como o título o indicava, numa dança macabra e transcendente; agora é como relâmpagos de magnésio, gargalhadas de luz vindas não sei donde. Por momentos aparece uma calma naquela tempestade divina: é um sôpro de tristesa infinita, a transformar em lágrimas, todo o fogo que ateava - oh! química introduzivel do poeta! Por vezes no seu caminho ideal, toca-se com Raúl Brandão. Há-de haver quem pense numa influência profunda do autor dos « Pobres », sobre o poeta. Julgamo-lo nós até, primeiramente. Mas nem influência chega a ser. É que por vezes tocam-se os dois sentidos. Ambos os dois reviraram a vida do envês; um arrancando-lhe o sonho - Raúl Brandão, outro o riso - Teixeira de Pascoais. Um mostra-nos o sonho com que Deus nos envolve, outro o riso com que envolvemos Deus. Estamos certos que nem toda a gente pensará como nós, e haverá muita gente que irá buscar no último livro do poeta, basta blague de café. Não vem tirar isso, para que nós achemos no « Pobre Tolo uma Bíblia que só tem Apocalipse, uma Bíblia de riso e lágrimas a arder para Deus, num fogo de Creação, num fogo genésico. Adivinha-se um mundo em nebulosa através daquele riso. Deus deve-se rir assim: o poeta foi envolver Deus no seu próprio riso... L. G. O. | |
dc.title | “Crítica Literária.” | |
dc.type | artigo de imprensa |