“A proposito da commemoração do 4.° centenário da morte de Vasco da Gama: Um episodio que precedeu a nomeação de Paulo da Gama para o comando da nau «S. Raphael»”

cetaps.description.printingNameJ. Lobo d’Avila
cetaps.publisher.cityLisboa
cetaps.researcherMarques, Gonçalo
cetaps.source.placeBiblioteca Nacional de Portugal
cetaps.textA proposito da commemoração do 4.° centenário da morte de Vasco da Gama Um episodio que precedeu a nomeação de Paulo da Gama para o comando da nau «S. Raphael» Lisboa reviveu, na ultima semana de Janeiro, algumas horas do seu passado de grandesa epica, embora as solemnidades commemorativas do 4.° centenario da morte de Vasco da Gama não attingissem o cunho que deveriam ter tido para celebrar a gloria do audacioso descob[r]idor do caminho maritimo para India Foi pobre a commemoração por parte do governo, não restando d'ella nem ao menos uma emissão de sellos ou uma medalha commemorativa, que nas colecções philatelicas ou nos medalheiros dos numismatas e dos museus, ficassem lembrando ás gerações futuras a gratidão d'um povo por um dos seus maiores heroes, mas valeu-nos a celebração promovida pelo alto clero e as homenagens que chegaram até nós vindas dos pontos mais distantes do globo e muito em especial, as que nos trouxeram os navios da Inglaterra, da Hespanha, da França, da Italia e da Hollanda. Quem assistiu ao acto religioso realisado na Igreja dos Jeronimos e quem presenceou o desfilar das guarnições dos navios extrangeiros pela rua do Ouro acima, seguidas pelos nossos marinheiros e pelas tropas montadas da guarnição da capital, reviveu, como acima dizemos, algumas horas do nosso passado heroico, não podendo deixar de sentir-se commovido e orgulhoso de ser portuguez perante o testemunho de admiração e agradecimento que aqui vieram trazer-nos Roma e as principaes nações da Europa, mercê das façanhas d'um dos mais gloriosos filhos da nossa terra. Deixemos, porem, a commemoração, que já passou e que os jornaes diarios minuciosamente descreveram, e contemos, a proposito, o episodio que prendeu a nomeação de Paulo da Gama para o commando da nau «S. Raphael». A narrativa não é nossa, mas sim do já fallecido legitimista Profirio de Carvalho, que assim se exprime n'um folheto publicado em 1895 e intitulado: - Onde está o absolutismo?: “Pretendeu el-rei D. Manuel prover o commando de umas das naus no irmão do capitão-mór da armada, e com esse intuito encarregou a Vasco da Gama de communicar a Paulo da Gama a mercê que era seu proposito fazer-lhe. Ponderou-lhe porem aquelle que o irmão andava morado - como então se dizia - e fugido ás justiças por haver ferido o juiz de Setubal e ter por isso um processo em aberto. Bem quizera El-Rei, por amor a Vasco da Gama, perdoar por completo e rehabilitar desde logo o homiziado criminoso; mas, não se reconhecendo superior á lei, nem querendo desauctorisar a justiça, encarregou d'outra missão o futuro almirante das Indias. Commetteu a Vasco da Gama o encargo de accordar o irmão com o juiz offendido, e de obter d'este o perdão para o offensor, sujeitando-se o reu a pagar as partes do processo pendente e a dar inteira satisf[a]ção á justiça ultrajada. De tudo isto deveria ainda apresentar documento authentico, sem o que não poderia ser admittido á presença de El-Rei nem investido no cargo que lhe era destinado. Apressou-se então Vasco da Gama em reconciliar o irmão com o juiz, e só quando Paulo da Gama apresentou o instrumento de haver sido perdoado e de ter satisfeito os preceitos da justiça, El-Rei lhe deu tambem o seu perdão e o investiu no comando da segunda nau". A isto acrescenta Porfirio de Carvalho o segu[i]nte commentario: “Qualquer confronto d'este acto praticado pelo mais poderoso monarcha que se tem sentado ao throno de Portugal, com o que hoje em dia se usa com toda a casta de criminosos que a nação inteira conhece, é de todo o ponto ocioso e affigura-se-nos absolutamente desnecessario". Isto escrevia o suadoso legitimista em 1895 e, portanto, no tempo da monarchia constitucional. Hoje que a tal casta de criminosos não diminuio, antes pelo contrario, o que diria ele?! [imagem] A Senhora Dona Maria Thereza de Bragança Augusta Esposa do Senhor D. Miguel II cujo anniversario natalicio passou a 4 de Janeiro e a Quem, por esse motivo, “A Tradição[”], apresenta as mais respeitosas Saudações
dc.contributor.authorAnónimo
dc.date.accessioned2024-12-01T14:38:15Z
dc.date.available2024-12-01T14:38:15Z
dc.date.issued1925-02-08
dc.description.abstractReflexão crítica sobre as comemorações do quarto centenário da morte de Vasco da Gama (1469-1524), em 1924, que contaram com a presença de navios ingleses. O autor, com base no texto Onde Está o Absolutismo? (1895), da autoria de A. Porfírio de Carvalho (?-?), acaba por estabelecer uma comparação entre a corrupção do governo monárquico constitucionalista e o governo republicano vigente à data de publicação do artigo.
dc.format.extent7
dc.identifier.citationAnónimo. "A proposito da commemoração do 4.° centenário da morte de Vasco da Gama: Um episodio que precedeu a nomeação de Paulo da Gama para o comando da nau «S. Raphael».” A Tradição, 8 de Fevereiro de 1925, p. 7.
dc.identifier.urihttps://cetapsrepository.letras.up.pt/id/cetaps/130541
dc.language.isopt
dc.publisherTipografia da Gazeta dos Caminhos de Ferro
dc.relation.ispartofA Tradição
dc.relation.ispartofvolume1
dc.rightshttp://purl.org/coar/access_right/c_14cb
dc.subjectEfeméride
dc.subjectMonarquia
dc.subjectRepública
dc.title“A proposito da commemoração do 4.° centenário da morte de Vasco da Gama: Um episodio que precedeu a nomeação de Paulo da Gama para o comando da nau «S. Raphael»”
dc.typeArticle

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